Mantem-se sedutor. No topo da colina. E a viagem na máquina do tempo começa com o olhar. Ao longe. Depois a surpresa aumenta. A cada passo que nos aproxima deste castelo medieval de Santa Maria da Feira.
Sobre os nossos pés está, efetivamente, terra que assistiu à formação da portugalidade. A sua história remonta à fase da Reconquista, anterior à formação da nacionalidade. Já a estrutura arquitetónica do edifício reflete um longo processo evolutivo de sucessivas transformações e adaptações: primeiro como fortificação com carácter essencialmente militar e depois como residência senhorial dos Condes da Feira.
A primitiva fortaleza, datada dos séculos X-XI, presidiu à designada Civitas ou Terra de Santa Maria, delimitada, a norte, pelo rio Douro e, a sul, pelo rio Vouga, sendo considerada terra de fronteira entre Cristãos e Muçulmanos. Terá tido papel decisivo no apoio à causa independentista de D. Afonso Henriques contra sua mãe, D. Teresa. A partir da segunda metade do século XV, a partir de 1448, a fortificação sofreu grandes remodelações, tendo sido transformada em residência apalaçada e adotando a fisionomia que atualmente apresenta.
Embora tenha incorporado elementos de outros estilos ao longo dos séculos, o conjunto apresenta planta oval irregular, orientada no sentido norte-sul, em estilo gótico. Com muralhas em alvenaria e cantaria de pedra, do período inicial, a Torre de Menagem domina a alcáçova. No interior, na ampla praça de armas, encontram-se ainda os vestígios do antigo palácio seiscentista.
O conjunto de soluções defensivas que foi assumindo conferiu ao Castelo um carácter singular entre a arquitetura militar portuguesa. Nos séculos XVI e XVII, as transformações estenderam-se na Praça de Armas, construindo-se o Paço dos Condes, o Celeiro e a Fonte. No exterior da cerca acrescentou-se, em 1656, o conjunto da capela e casa do capelão.