Há que virar as costas ao sedutor casario. Resistir-lhe. Só por algum tempo. E subir os degraus que nos levam até à Sé Catedral do Porto. É lá que está o sino que avisava os habitantes do casario dos incêndios. Lá chegaremos… De transição entre o românico e o gótico, dos séculos XII e XIII, este monumento sofreu grandes remodelações no período maneirista (XVII) e barroco (XVIII). Na torre, um baixo-relevo com uma embarcação simboliza a vocação marítima da cidade. E não há como não reparar na rosácea (século XII) da fachada principal. O interior conserva o aspeto de uma igreja-fortaleza. Junto às portas, as pias de água benta, dos finais do século XVII, são monumentais.
Os grossos pilares com abóbadas e arcos e o acentuado verticalismo da nave central são de uma sóbria imponência. A capela-mor, do período maneirista (1610), substitui a antiga abside medieval e apresenta um cenográfico retábulo de talha dourada, do segundo quartel do século XVIII, considerado um trecho capital do barroco joanino. A decoração pictórica das paredes é de Nasoni.
Na extremidade oposta, localizados no coro-alto, são de referir os dois órgãos de tubos, o esquerdo do século XVII e o direito, mais recente, do século XIX.
No transepto (parte que atravessa perpendicularmente o corpo principal, perto do coro), no lado esquerdo, está entronizada, a imagem de Nossa Senhora da Vandoma (século XIV), padroeira da cidade do Porto - "civitas Virginis" - desde 1984.
Junto à entrada, basta subir uns degraus para entrar no claustro gótico. Há estatuária para descobrir. Em madeira policromada, do século XVII, de “Maria com o Menino Jesus”, ou de “Santiago” com influência flamenga, de inícios do século XVI. E o impressionante “Candelabro das Trevas”, século XVIII, proveniente da Capela Mor da Catedral.
Proibido terminar a visita sem ver a paisagem e os sinos. Um, de 1697, é proveniente da torre sul da Catedral. O outro, sino da câmara ou “de correr”, de 1778, foi colocado na Sé depois de ter ocupado a porta do Olival, na muralha Fernandina, e servia para dar o toque de recolher obrigatório.